VIDA "O importante não é chegar, é ir. Quem quer vai, quem não quer manda"
Minha mãe, Geraldo, meu marido, Adolfo Celi.
Não passo embaixo de escada sempre que posso. Às vezes não dá.
Marcinho Marcinho e Christiane Christiane
Teatro Ginástico (Rio) - "Uma comédia. No início do 2º. Ato, uma colega e eu com a cortina fechada, sentadas bem juntas, batíamos com uma colherinha numa xícara de café, simulando uma fofoca braba. Eu vivia exausta entre filhos, ensaios, ensaios de Tv de madrugada, mais os espetáculos. Sempre que podia tirava uma soneca. Lá, no fundo da minha consciência ouvi o barulhinho da colherinha na xícara. Com saltos dignos de qualquer Olimpíada, ganhei o cenário, a xícara e as batidinhas. A colega não me chamou mas o maquinista anjo não abriu o pano enquanto eu não sentei. "
Portugal - Porto - "Chuva gelada, miudinha, muito frio. Carlos Kroeber e eu andando pelas ruas atrás de um. . . personagem para a peça que ia estrear naquela noite, "Seis personagens à procura de um autor", de Pirandello. Tinha que ser um menino de seus 10, 12 anos. De repente, lá estava ele à nossa frente. Numa roupeta encharcada, cabelos escorrendo água, a mão com a pele azulada pelo frio, estendida. Hirto, franzino, esgazeado. Apertei o braço do Carlão. "Olha ele ali". Nos aproximamos do garoto que nos olhou sem ver. Carlão falou "Quer ganhar algum dinheiro?" O menino acordou, olhando aquele homem enorme à sua frente, como olhos que variavam de desconfiança ao interesse. "Para o quê fazer?". O sotaque carregado, a voz estrangulada, os olhos acesos. Carlão respondeu: "Para trabalhar no teatro". "O que é isso?". Aí eu falei: " Vem com a gente na praça aqui em cima. Você conhece, não?" "A praça sim" "Vem conosco". Segurei-lhe a mão. Era uma pedra de gelo. "Vem. . . ". E fomos, os três, andando ladeira acima. Paramos. Carlão e eu, de comum acordo, entramos numa espécie de lanchonete entupida de gente. Conseguimos, de pé mesmo, canecas com café e uns pãezinhos redondos, ressequidos, horríveis. O menino arregalou os olhos para mim quando eu lhe entreguei a caneca e um pão. Devorou tudo, e num gesto que vi repetir algumas vezes depois, enfiou nos bolsos mais alguns pães. Nos acompanhou até o teatro, sem uma pergunta, nada. Entramos pelos fundos so teatro que estava quase às escuras, com exceção de uma luzinha de serviço aqui e ali. Vozes ecoavam na escuridão. A mão do menino apertou a minha. Nenhuma palavra. Subimos as escadas e chegamos ao palco. Maquinistas conversavam, um grupo de atores sonolentos, no fundo da coxia, espreguiçavam-se em cadeiras. Olhei para o menino. Os olhos fixos, quase sem piscar. Abaixei-me para conversar com ele. "Como te chamas?". "David", respondeu com voz sumida". "Vamos tirar esse casaco molhado". Me interrompeu com um repelão. "Não. Deixa estar. Estou bem" "É só para te enxugar. . . ""Não!" "Como quiser. Você já tinha entrado num teatro David?" (Pergunta idiota. Claro que não) "Não minha senhora" Peguei uma cadeira. "Senta aqui. Aquele moço já vai dizer o que você vai fazer". Me afastei um pouco, fui apanhar café numa garrafa térmica e trouxe para ele que tomou um gole. Carlão pegou uma cadeira e sentou-se ao lado do menino. Conversou com ele em voz baixa um tempão. O menino só fazia que sim com a cabeça. Chegou o resto do elenco. Começou o ensaio. E David ia acompanhando as indicações do Carlão sem titubear, sem uma hesitação. Saímos Carlão e eu para comprar roupas para o David. Carlão teve que travar uma guerra com ele para faze-lo tirar a roupa. Aproveitamos e compramos uma muda de roupa para substituir a outra, imunda, encharcada, puída. Fomos almoçar. David comeu por nós três, sempre guardando pães nos bolsos. Enfim, passou-se a tarde, veio a noite de estréia e o David ali, mão na minha mão. Parece incrível, mas tem uma cena dificílima em que o menino se mata. E o danadinho fez tudo direitinho, sem um erro. Saímos para jantar e David junto. Sempre guardando pães nos bolsos que pareciam que iam explodir. Por fim chegou a hora de levar David para casa. Carlão pegou um táxi e fez uma verdadeira viagem. David morava no fim do mundo. Carlão teve que dar uma boa quantia para a mãe do menino, que não entendia nada do que ele dizia, pois gritava feito louca ao mesmo tempo que dava uns sopapos no coitado do menino. Acalmou-se, vejam só, quando os pães acumulados começaram a voar para todos os lado. Aí reparou na roupa nova do filho, nos sapatos, tudo isso sob os olhos espantados do resto da filharada que em seguida se lançou sobre os pães. E assim, o nosso rei David fez toda a temporada, sem nunca se atrasar. . . sem um único sorriso. "
Teatro Maison de France - "Estréia da "Dama do Maxim s", de Feydeau. Na platéia o recém empossado Presidente da República, o General Castelo Branco. Kalma Murtinho havia criado um vestido de sonho para mim, renda champanhe bordado com missangas e os sapatos verdadeiras jóias de cetim bordado. Havia uma marcação muito engraçada que podia resultar ridícula se mal executada. Consistia em passar a perna direita por sobre o espaldar de uma cadeira. Para isso, os sapatos tinham um elástico sobre o peito do pé, por medida de segurança. A peça corria naquele ritmo frenético que lhe era habitual acrescido do nervosismo da estréia. Chegou a hora da festa e lá vou eu imitar a Mimi (Tonia Carrrero) passando a perna sobre o espaldar. Em pleno movimento vejo um lindo sapato sair voando em direção à platéia e dar um rasante sobre a cabeça do Castelo Branco atingindo um dos seguranças sentado logo atrás do Presidente. Momento de suspense. Ninguém respirava. O segurança levantou-se, dirigiu-se ao proscenio, colocando o sapato na beira do palco. Olhei apavorada. O elástico estava partido! Reunindo forças fui até ele e coloquei-o no pé. Nesta altura o Dolabela muito gaiato não resistiu e explodiu numa gargalhada acompanhando de todo o elenco aliviado. Depois do espetáculo o Presidente foi aos camarins cumprimentar Tonia e o restante do elenco. Castelo Branco se aproximou de mim e sorrindo perguntou "A senhora queria me acertar?"e eu respondi também sorrindo "O que é que o senhor acha?"
Na TV - Gravação de Gabrielaem Pedra de Guaratiba (RJ). "Eu já tinha visto aquele cartaz "OSTRAS" quando a gente passou de ônibus a caminho da gravação. Na hora do almoço, sob um sol escaldante de 40º. Graus à sombra, os gritos de revolta explodiram no ar. A comida que vinha em "quentinhas"estava azeda. Foi um Deus nos acuda. Chamei aquele doce de pessoa que é a Ângela Leal para um canto e perguntei "Quer vir comigo comer ostras?" Ângela arregalou os olhos e disse "Onde?". Expliquei que tinha visto o cartaz mas que não garantia nada. "Ela topava tentar?". Topou. E assim saímos as duas, pela estrada, vestidas de melindrosas da década de 20, debaixo de um guarda-chuva esburacado que encontramos por ali, atrás das ostras. Era um casebre quase pau a pique. Mas o cartaz estava lá. Batemos palmas e apareceu uma mulher de meia-idade, esfarrapada, descalça. Olhei para Ângela e ela deu de ombros. Perguntei para a mulher que nos olhava sem o menor interesse, como se fosse a coisa mais natural do mundo duas figuras como aquelas paradas no seu portão, batendo palmas. "Tem ostras?" - "Tem"- "Estão frescas?" - "Tão" - "Nós queremos. A gente pode entrar?" - "Pode". Entramos Ângela e eu no pequeno pátio em frente ao barraco. Tinha uma árvore e uma sombra. Apanhei dois caixotes que estavam por ali e sentamos, digníssimas. Devíamos estar umas figuras. "Traga as ostras. Uma dúzia pra gente ver". A mulher sumiu no casebre. Demorou um tempão. Ângela e eu suávamos em bicas. Por fim apareceu a criatura acompanhada de uma moleca de uns dez anos, por aí, também desgrenhada, maltrapilha e descalça. Trazia outro caixote que colocou entre eu e a Ângela. A mulher trazia uma tábua grande à guisa de bandeja e sobre ela, pasmem, doze ostras, enormes, limpíssimas, convidativas. Ângela e eu avançamos sem pestanejar. Estavam divinas. Pedimos mais, é claro. Perguntei "Tem alguma coisa pra beber?". - "Só cachaça". Nós duas concordamos imediatamente. "Traz". E assim, uma hora depois chegamos na gravação, lépidas e fagueiras, ligeiramente "tocadas" e felizes da vida, em contraste violento com as caras emburradas do pessoal comendo sanduíche de queijo. "
Praça Tiradentes (RJ) - "Estávamos muito infelizes no Teatro Carlos Gomes (antes da reforma) fazendo "O Grande Amor das nossas vidas". O velho teatro estava transformado num pardieiro, imundo, infestado de ratazanas enormes, baratas voadoras, morcegos, etc. etc. . O teatro, imenso, feito sob encomenda para o Teatro de Revista, não tinha nada a ver com o clima intimista da peça que estávamos fazendo: uma família confinada num espaço ínfimo, se desagregando. Depois da segunda fila, ninguém ouvia mais nada por mais que nos esgoelássemos em cena. E a platéia era indiscritivel. Vagabundos, mendigos, desocupados, prostitutas, vendedores de balas e amendoins, todos fazendo questão de dizer, em alto e bom som, o que estavam fazendo ali. Tessy Calado tinha verdadeiro pavor de ratos, baratas, etc. . Vasculhava seu camarim com uma vassoura na mão, pronta para expulsar qualquer invasor. Depois da busca, com as pernas bem longe do chão, lia, impávida, seus queridos autores ingleses, no original, claro. Estávamos em cena para mais uma provação. Estávamos só nós duas em cena. De repente, saiu de um buraco bem na nossa frente, a maior ratazana que eu jamais vi na minha vida. Era, folgadamente, muito maior do que um gato comum. Branca e preta, e guinchando feito um demônio, a desgraçada. Tessy deu um grito de angustia e de um salto pulou para cima de mim. Eu a aparei no ar. A ratazana começou a correr ao nosso redor. Tessy gritava como uma louca e a platéia (aquela!) ria às gargalhadas e batia palmas. Aquilo durou uma eternidade até que dois maquinistas entraram em cena. Uma deles com uma vassoura na mão. O outro agarrou a Tessy que berrava e esperneava descontrolada. O da vassoura começou a tentar espantar a ratazana que passou ao ataque. A platéia, em peso, torcia pela ratazana. . . Felizmente a peça ficou muito pouco tempo em cartaz. "
Dois a dois - "Meu querido amigo e afilhado Sebastião Vasconcellos - a quem devemos a casa onde moramos hoje - é nosso conhecido desde a nossa adolescência. Um dos melhores atores deste país. Enfim, estávamos ensaiando uma pecinha, xexelenta, chamada "Dois a dois" e o Sebastião que fazia meu marido na peça, a certa altura me botava em seus joelhos e me dava umas palmadas. Ele batia bem devagar e o Celi - o diretor - ficava furioso dizendo que ele tinha que me bater com força. E o Sebastião, derramando os olhos dizia manso "Mas a Monah está grávida". E eu estava mesmo, da Christiane. Celi se descabelava. A peça era uma droga. Chegou a noite da estréia. A peça principal do programa era "Entre quatro paredes", do Sartre, com Tonia, Paulo Autran e Margarida Rey. Foi o sucesso que se esperava. Chegou a nossa hora. Na bendita hora das palmadas, sei lá o que deu no nosso doce "Leão do Norte". Tião parecia que tinha uma manopla de ferro nas mãos. Eu saí quase de quatro de cena. Quando chego no camarim e tiro a roupa, a surpresa. Minha calcinha estava manchada de sangue. Fui ver o que era e as marcas das palmadas estavam lá no coitado do meu traseiro. O sangue saiu pelos poros. Furibunda saí pelos corredores do Teatro Dulcina, cheio de fãs boquiaberto, berrando pelo Tião "Se eu perder o meu bebê, eu te mato, desgraçado" Ah, teatro, teatro. . . . "
Rio 40 Graus - "TV Rio, sem ar condicionado, imagine, gravando "Os acorrentados"com um elenco liderado pela minha querida, adorável, única, Leila Diniz. Tinha a Dina Sfat, o Leonardo Vilar e a engraçadissima Ivone Hoffman. A direção era do Daniel Filho. Eu fazia uma Madre Superiora, a Ivone uma freira muito doida e a Leila . . . uma noviça. Eu ia para a TV muito antes do meu horário de gravação só para ficar perto da Leila. Em tantos anos de carreira nunca tinha tido o privilégio de lidar com uma criatura como aquela. Ela era luz, brilho, malicia, palavra fácil, inteligência, meiguice e um imenso coração. Enfim, derretendo dentro daqueles hábitos, íamos gravando os capítulos da novela escrita pela Janete Clair, mas que ninguém podia saber que era dela. Um belo dia o calor extrapolou. O único ventilador de pé do estúdio quebrou e nós três (Leila, Ivone e eu) saímos correndo para o camarim onde tinha um pequeno aparelho de ar condicionado. Só que, naquele dia, também ele resolveu pifar e, quando entramos no camarim, tinha um rapazinho ajoelhado ao lado do aparelho com uma maleta de ferramentas aberta ao seu lado, tentando consertar o dito cujo. Ivone entrou no camarim gritando "P. q. p. essa m. . . . também pifou? C. . é hoje. . . . é hoje. . . é hoje. . . "e se jogou no chão, arregaçando a saia até o queixo enquanto apoiava as pernas abertas na beirada da bancada, bufando. Leila chegou logo em seguida. Fuzilou o rapaz com "Ainda não consertou essa p. . . . Assim não dá. . . assim não dá". E começou a arrancar as roupas varejando-as para longe. Olhei para o rapazinho. Ele ia do verde ao azul, os olhos esbugalhados, a boca aberta. Fui até ele, me abaixei, peguei a sua mão gelada e tremula. "Oi. . . Olá. . . " Nada. A criatura não dava sinal de vida. Dei uma sacudida nele e ele olhou para mim. Ao dar com outra freira ele escancarou a boca para gritar. Eu falei bem alto: "Me escuta". Ele parou meio estatelado. " Presta atenção. Nós não somos freiras de verdade, entendeu?. Somos atrizes vestidas de freiras. Entendeu?" A reação foi inacreditável. Ajoelhado, as mãos juntas erguidas, com a voz aguda da idade, o garoto uivava: "Graças a Deus. Graças a Deus!". "
No Paraná. Temporada da Cia. Maria Della Costa, em Curitiba. "A estréia foi com "O Canto da Cotovia", de Anouilh, grande sucesso de Maria, com a direção do Gianni Ratto. Correu tudo muito bem, com o teatro lotado e uma platéia maravilhosa. Eu fazia o papel da mãe de Joana. Coincidentemente eu havia feito uma linda amizade com a mãe do Sandro Poloni (marido da Maria e empresário da Cia) e eu não sei bem porque a mãe dele estava conosco em Curitiba. Aliás, o elenco era enorme, com a Wanda Kosmo viajando com o marido e o filho, Fernanda Montenegro com o marido Fernando Torres, Sergio Brito, o próprio Gianni Ratto, enfim eram umas 25 artistas, fora os técnicos. Outros tempos. . . . Na segunda récita chegamos ao Teatro, fomos nos maquiar, aquelas coisas. Começou o espetáculo que tinha uma concepção bem diferente na visão do Gianni. O elenco ficava em cena a maior parte da peça como se fosse um quadro vivo, abrilhantado pelos belíssimos figurinos da Luciana Petrucelli. Em determinado momento, eu me ajoelhava ao lado do Sergio Britto. Ajoelhei e. . . fiquei. Uma pontada violentíssima no lado direito do baixo ventre. Eu simplesmente não podia me mexer. O Sergio percebeu que estava acontecendo alguma coisa errada. E como estávamos quase junto da coxia, ele saiu assim que a cortina fechou procurando ajuda. Fui levantada numa posição muito estranha, eu estava curvada e não conseguiu sair daquela posição por causa da dor. Sergio, que é médico, me examinou rapidamente e concluiu que parecia uma apendicite aguda. A ambulância já havia sido chamada e assim o Gianni Ratrto e a dna. Maria (mãe do Sandro) me acompanharam para o hospital, eu vestida à caráter de mãe de Joana D Arc. Foi chegar, ser examinada e levada para a sala de operações. Não era apendicite. Era gravidez tubária. Uma das dores mais violentas que uma mulher pode sentir. Fui operada à tempo e à hora, graças à Deus, por uma equipe fantástica. Quando voltei da anestesia lá estava dona Maria segurando minha mão. O Sandro pagou tudo - obrigado onde quer que você esteja. E quatro dias depois, enfaixada como uma múmia, lá estava eu no palco. . . ajoelhando na primeira cena de "A Moratória", de Jorge Andrade. O médico que me operou quando viu aquilo não agüentou. Levantou e foi embora me chamando de louca. Mas teve que me costurar mais um pouco no dia seguinte: dois pontos tinham arrebentado. . . "
"A vida de um ator é cheia de altos e baixos. Às vezes você está trabalhando sem parar. De repente nada. Ë quase sempre assim. Ao cursar a EAD, você está qualificado para ensinar. Eram, no meu tempo, quatro anos. Hoje são três. E mais de 50 anos de batalha também ajuda. E assim, num determinado momento eu me vi dando aula de teatro. Não foi assim do pé para a mão. Me organizei, pesquisei, recolhi muito material na minha própria biblioteca. . . e lá fui eu. Foi a mais gratificante surpresa da minha vida. Sabe um peixinho de aquário que é solto no oceano? Foi a sensação que eu senti naquele momento e milagrosamente, depois de dez anos, continua a mesma. Eu não sabia. Descobri. Descobri que eu nasci para ensinar. Não há nada que me dê maior prazer do que, depois de 4, 5 aulas, eu trazer para mim uma pessoa que jamais fez teatro na vida. Ou dirigir. Outra paixão descoberta. Atualmente dou aulas na CAL - Casa de Artes de Laranjeiras - e lá, além do meu curso para iniciantes, pela primeira vez trabalho com alunos do REG 2 (Curso Regular - segundo ano). Está sendo uma experiência afrodisíaca. "
"O que eu posso dizer para alguém que está começando agora? De prático mesmo, muito pouco. Eu não abro portas para um aluno. Quem me dera, quem me dera abrir as minhas. Mas sem dúvida alguma eu posso ajudá-lo e muito a começar a andar por essa trilha estranha, inteiramente diferente da sua vida dita normal, cotidiana, a mergulhar na magia, abrir seus horizontes mentais, aprender a falar, a andar, a perceber com olhos renovados um mundo que o cerca e até a . . . representar. O meu Curso se chama "Introdução ao Teatro" e ao longo desses dez anos eu já perdi a conta de quantas crianças, adolescentes, jovens, senhoras e senhores (até um padre), cruzaram o meu caminho. Tenho a certeza de que deixei em todos eles uma marca, sem falsa modéstia. Foi e está sendo uma troca feliz. Dei muito, mas venho também aqui e ali ganhando verdadeiros tesouros. Adoraria poder continuar por muito tempo, se as escadarias da CAL deixarem. " |